8.04.2007

Insónias

"Eu gostava de ter uma vaca, assim como quem tem um cão. Escovava-lhe o pêlo, ia dar longos passeios na praia com ela, comprava-lhe biscoitos e, à noite, víamos as duas os "Olhos de Água". (...)

Ela podia ruminar os meus assuntos, enquanto me transmitia a paz e a tranquilidade de uma existência bovina e ao fim-de-semana, metia-a numa Ford Transit e devolvia-a ao seu habitat natural. Não precisava de comprar leite nem me sentia só. Talvez esta seja uma pista possível, um caminho novo ainda por explorar, o de trazer para casa animais domésticos de grande porte. É que já não se pode com os cães: toda agente tem um Labrador ou um Husky que, além de darem imensas chatices, não nos dão leite nem nenhuma paz de espírito.

Com tantas vacas excedentárias e de refugo, urge tomar uma decisão e restituir a estas belos animais a sua dignidade, dando-lhe a oportunidade de uma nova existência. Ponha uma vaca na sua varanda e acabe com esta mania de que os animais de companhia são só cães e gatos. Uma vaca tem sempre o seu encanto, é útil e produtiva e, embora ocupe algum espaço e não cheire a Davidoff, sempre empresta alguma originalidade à rotina diária."

(nunca estive tão de acordo achando, de facto, encantador, o facto de ter uma vaca e de isso constituir uma mudança genialmente emancipadora na vida das pessoas - idolatrando as vacas, sejam elas quais forem)

A Margarida Rebelo Pinto é uma coisa extraordinária, não é?

1 comentário:

Turma 1.º B disse...

obrigadinha, oh Nonas.