5.28.2007

Uma besta, duas bestas, três bestas, quatro bestas, a SÍLVIA

S i s s e s . diz:
se um ola5 fosse uma coisa palpavel e PESADA dava-vos com ele na cabeça até fazerem beicinho
S i s s e s . diz:
assim sendo ainda estou a congeminar qq coisinha


(e ainda tem fôlego para mais esta)

S i s s e s . diz:
es mm um besta quase tao besta como eu




Quase, Sílvia. Porque pior que tu não existe.

Polskateiras


É este o novo conceito que enche os nossos corações de felicidade. Porque, finalmente, temos uma palavra para definir o nosso estado de emigrantes num país onde fazer Erasmus não podia ser mais diferente, vá.

Agradeço desde já à Marcinha por nos ter brindado com esta maravilha - quiçá à Sobieski e a tudo o mais que abrilhantou a jantarada de bacalhau e nos fez ficar ainda mais animadas e capazes de formular novos conceitos acerca da nossa identidade.

Pois então, resume-se a Polskateira à pessoa emigrada na Polónia - não é na França ou no Luxemburgo, mas soa igualmente bem: ora imagine-se a senhora minha mãe na Praça da Alegria a "mandar beijinhos para a filha que está emigrada na Polska". É bonito ou não é? - a propósito, a Polskateira sabe, de cor e salteado, o que é realmente "bonito, bonito".

Se é emigrante, canta músicas do emigrante. Não o "Postal dos Correios", que a Rita diz ser apropriada, mas todas as do grande Tony Carreira - também ele um emigrante tuga -, ou mesmo as do Quim, para animar os momentos de depressão.

A Polskateira grita no meio da rua como se estivesse na Tugalia - esse cantinho à beira mar plantado, pelo qual nutrimos tantas saudades -, salta e dança sem parar. Bebe até ficar a "cantar o tiro liro" e monta-se às cavalitas de qualquer cavalheiro polaco que, gentilmente, ofereça boleia.


5.25.2007

Rameirices e gente parva


É milagre!

“Se o aquário estiver lá em cima, eu começo a acreditar em Deus Nosso Senhor”


Foi assim que começou a nossa tarde. Porque, depois duns meros 20 e muitos graus às 8 da manhã – quando saímos da nossa casa, deixando-a a arejar com as janelas escancaradas para tráschoveu. E dizer choveu é estar a brincar. É tão mentira quanto dizerem que eu sou alta - podem ver o calibre da intrujice.


Relampejou como se o Senhor lá de cima estivesse a tirar fotografias à malta com um grande flash, choveram bolas de golfe a jeito de granizo e a chuva, vá, era mais que muita. Qual dilúvio, qual quê. A Polska é que é. E agora também já podemos cantar:

“Moro num país tropical abençoado por Deus e bonito por Natureza”

Porque este país, se não é tropical, é bipolareu tenho a certeza que sim e hei-de elaborar uma tese acerca disso.

Mas adiante, que isto da Rita se tornar crente é uma coisa mesmo importante. Como tínhamos deixado a janela aberta e o aquário do nosso Douradinho lindomeu rico bilu bilu – estava no parapeito, elaborámos 3 hipóteses. Duas vá, que a terceira era milagre, bastante improvável, que é para não dizer absolutamente impossível:


1. As chuvas torrenciais provocaram uma inundação no aquário e o peixinho nadou para fora, tal a quantidade de água que de lá saía (visualizem, por favor);


2. Os ventos ciclónicos que se faziam sentir mandaram o aquário janela abaixo e o peixinho ficou a nadar em seco – no chão do quarto, portanto.


Havia sempre a variante “lado para o qual o Dourado cai”, podendo esta variar entre o quarto e a rua. Se caísse para o quarto morria asfixiadinhomeu rico filho -, se caísse para a rua morria da queda.


3. Milagre.


E eis que o milagre se deu e o Douradinho estava, impávido e sereno, em cima do armário dos produtos da nossa higiene pessoal. E foi assim que a Rita se converteu.

5.23.2007

O Pedido Oficial de Casamento, vulgo Detalhes de uma das Grandes

Acho que era giro falar das viagens que fazemos aqui por estes lados. Algumas, vá. Viemos a Lublin - de onde, tieraz, somos naturais - no domingo, para a apresentação oficial do João ao sogro polaco.

Para animar a celebração futura do casamento dos pequenos, resultado da aprovação do senhor nosso pai - o Pai Lino -, toca de acompanhar a refeição com umas valentes balseminas, bem típicas da região, logo seguidas por uns brindes de wodka polaca, que cai sempre muito bem - é o chamado digestivozinho, entenda-se.

Não contentes com a alegria já existente, eis que partem em romaria até ao Irish, esse pub repleto de alcool.
Brinde ao noivo, ao pai, à filha - e ao espírito santo - ao casamento e a tudo o mais, gargantas aquecidas e vozes afinadas pelos shots bebidos sem respirar, a noite quase acaba com a chantagem foleira do moço do bar, que se recusava a servir mais bebidas caso as professorinhas da ESE não parassem de entoar - com tanta afinação e espírito, como referiu a Marcinha - essa jóia da TunaSabes: o "Tu és o Sol".

A cantoria foi interrompida - hajam prioridades. E foi aí que descambou.

O pai tentou manter o respeito, atenuando os gritos e toda a algazarra que se fazia sentir na mesa dos tugas, mas em vão.
Já bem quentinhos, que o tempo por cá ainda está fresco, saíram do bar de regresso às suas modestas casas - e aproveito para referir oportunamente que o sonho da Retinha é ter uma casa no primeiro andar da residência ao invés da que temos no décimo, principalmente por causa de noites como esta.

Porém, e devido à euforia geral, caracterizada por, para além de vozes com tons demasiado elevados, mais cantorias, gregos e xixis, teve que se realizar uma romaria a todas as capelinhas para lá deixar cada uma das alminhas possuídas pelo wodka - porque nessa altura não eram elas, mas o wodka quem mandava.


(mais informações com os restantes elementos da família tuga na Polska)

5.16.2007

A um mes do inicio do Verao

Estamos em Cracovia. Chove e troveja como se o Inverno nao tivesse fim. Os mocos que me acompanham nesta vida foram as minas mas eu sou claustrofobica e optei por um passeio pela cidade. Ja fui, ja congelei e ja regressei (estou a espera que eles regressem tambem).


Estou maravilhada com o comentario da Carlota (fica aqui prometida uma viagem a Barcelona para o proximo ano lectivo) e sinto-me na obrigacao de postar o brilhante conceito por ela construido:


Professorinha: estado de instinto maternal e dom para as manualidades.


Ate para a semana. A nossa viagem vai continuar e nao prometo mais noticias!

5.10.2007

Mandei para o olacinco da miúda, mas achei por bem postar aqui também

"Tenho que me levantar cedo amanha (caso o despertador se faça ouvir) e, ao invés de descansar, sou obrigada a ouvir os grandes sucessos da musica portuguesa recentemente descobertos pela minha colega. BABY, NÃO VAI DAR (um obrigado aos Dzrt que tocam neste preciso momento e ao seu sentido de oportunidade). PRINCESA. Esta é a maravilha que tem abrilhantado as nossas noites e aí está ela de novo a tocar no computador ao lado do meu. Não sei qual é a moral para criticares a minha Skye e o seu SHOW DO AMOR.

Se a nossa relação acabar, e saiba-se que eu, assim como o outro Boss, FAÇO TUDO PARA NÃO TE PERDER, PRINCESA, e que, e citando os amigos cujo nome deriva da magnífica analogia da sobremesanão me estava a referir à tua, quando usufruíste do recurso estilístico denominado comparação e fizeste a analogia entre o ser que nós sabemos e o cavalo da feira popular (meninas, se não perceberam estejam atentas às teorias lidas no próximo jantar):

TU NUNCA LUTASTE POR NÓS DOIS.


É tarde e eu estou com o Microsoft Word aberto a escrever esta delicia para te enviar amanha, enquanto te divertes com o jogo dos bonequinhos que se assemelham a micróbios e ouves uma coisa que não conheço e cuja letra e AI SE EU PUDESSE VOLTAR ATRAS, logo seguida dum TONY desgostoso de amor, dos DOIS CORAÇOES SOZINHOS perdidos e sem ter ninguém e que a dor juntou - e ainda comentas “ESTA MUSICA E TAO BONITA”.

Estava a fechar o ficheiro mas ainda quiseste acrescentar que a musica seguinte tambem era bonita e que DO TONY GOSTAS DE TODAS – foste tu que disseste. E que podem haver muitas boas, mas que hoje ACORDASTE A CANTAR A TUA PREFERIDA:


NESSA PEQUENA ALDEIA O MENINO ERA EU
E hoje a cantar em cada canção
Trago esse lugar no meu coração
Criança que fui e HOMEM QUE SOU
E nada mudou
E hoje a cantar não posso esquecer
Aquele lugar que me viu nascer
Tão bom recordar aquele cantinho (e a mnemónica da minha querida mãe)
E OS SONHOS DE MENINO


Ainda tens fôlego para me criticares por não ter uma qualquer chamada OBRIGADO PARISdesculpa Rita, não tenho esse sucesso da emigração portuguesa. INFORTUNIO DO DESTINO, canta-me o MARIDO MAL AMADO, vulgo Tony, quando grita pela sua sorte. AI DESTINO, AI DESTINO. AI DESTINO QUE É O MEU. Faço minhas as suas palavras."

5.09.2007

Também sei ser engraçadinha, Sisses.

e fazerem um post bonito? era muntolindo

5.07.2007

Rameiras da Tugalia em passeio por Poznan



(os comentários ficam à vossa consideração)

A verdadeira explicação

Muitas pessoas passam, durante a sua vida, por provações que as levam a mudar e a ser melhores. Outras, depois de demonstrações do Sagrado, tornam-se crentes, encontrando justificação para o seu destino em dogmas e regendo a sua vida com base neles.
É mais ou menos o que acontece comigo e eis que, ao terceiro mês na Polska, me foi revelado o verdadeiro sentido do título do meu blog.


Íamos a Berlim mas o destino assim não o permitiu“Ai destino, ai destino”, e ai o meu rico Tony, que canta musicas tão lindas. Assim, e depois de alguns dias de descanso em casa, causados por algo com características de gripe (lá estão provações de que falava), fomos passear até Poznan, que o Erasmus é para isso e as férias escolares são preciosas.


Adiante. Depois de umas meras 6 horas de comboio, sem percalços a assinalar, chegámos ao nosso destino. Uma vez que somos moças responsáveis e não tínhamos marcado lugar na residêncianão tendo, consequentemente, lugar para lá ficar -, mais coisa menos coisa, e com a ajuda do Posto de Turismo local, fomos parar a casa de uma velha – e está aí a verdadeira razão para este blog se chamar “Do Arco da Idosa”. Porque não era uma velha qualquer, era uma Velhota Idosa – e até vou citar um trecho dum poema outrora feito:


“Estava uma Velhota Idosa
A olhar pela janela
Coitadinha, pobre dela,
O que havia de suceder


Deu-lhe um baque na trombose
Foi-se a boca para a direita
Escorregou, tombou-se a velha
Sobre a janela desfeita”


Não, não lhe tinha dado uma trombose. Antes isso e ela tivesse ficado incapaz de receber gente em sua casa. Ou se calhar deu e a senhora ficou paralisadinha das mãos e do corpo e daí advém o pó acumulado há anos naquela casa.


Ora mas continuemos a descrição da velhota, até porque eu, não sendo uma pessoa estranha à questão, sei bem do que falo. Assemelhava-se a senhora – ou bruxa porque, para além de tudo o resto, ainda se fazia acompanhar por um gato que se passeava lá por casa – à da Hansel e Gretel, à Bruxa da Bela e do Mostro (essa monstra que enfeitiçou a rosa), quiçá à Madrasta da Gata Borralheira ou mesmo ao Lobo Mau, que comia crianças pequeninas – e está justificada a presença destas duas últimas personagens em posters que decoravam o quarto que nos foi cedido.


Era gentil connosco, oferecia-nos chá e café constantemente, os quais recusávamos sempre: de certeza que tinham veneno.
Ouvia música que não lembrava a ninguém, mais ou menos, vá… pelo menos à noite, quando se ouviam uns cânticos em que umas senhoras (ou bruxas, como ela) gemiam sem parar.


À entrada da casa havia sempre um agradável cheiro a criação, que nem a Malveira às quintas, quando há feira. O panorama era mais ou menos este, citando Gabriel Garcia Marquez:


“ (…) mal sobrava um resquício sem odor naquele ar de rosas revolvido com a pestilência que nos chegava do fundo do jardim e a emanação de galinheiro e o fedor a bosta e fermentos de urinas (…)”


Decorava a casa com um bonito papel de parede, aproveitado também para forrar armários e até a banheira, por onde não corria nem um pingo de água quenteé.


Guardava religiosamente - e este é sempre um termo adequado para esta região, quanto mais não seja porque tínhamos um lindo terço a abençoar-nos os aposentosmantas capazes de estancar o sangue das suas vítimas. Neste caso, seríamos nós. Descansem, seria uma “morte santa” na companhia das cruzes e dos restantes artefactos religiosos.


Acabámos por não falecer nesse bonito lar em Poznan – fica para uma próxima vez. Mas ninguém me tira da ideia que a intenção dela era retirar-nos os órgãos para tráfico, claro está, embrulhando de seguida os nossos corpos nas mantas que enchiam os armários, dando depois sumisso aos corposficariam o gato e o Jesus pregado na cruz para contarem a história.