5.07.2007

A verdadeira explicação

Muitas pessoas passam, durante a sua vida, por provações que as levam a mudar e a ser melhores. Outras, depois de demonstrações do Sagrado, tornam-se crentes, encontrando justificação para o seu destino em dogmas e regendo a sua vida com base neles.
É mais ou menos o que acontece comigo e eis que, ao terceiro mês na Polska, me foi revelado o verdadeiro sentido do título do meu blog.


Íamos a Berlim mas o destino assim não o permitiu“Ai destino, ai destino”, e ai o meu rico Tony, que canta musicas tão lindas. Assim, e depois de alguns dias de descanso em casa, causados por algo com características de gripe (lá estão provações de que falava), fomos passear até Poznan, que o Erasmus é para isso e as férias escolares são preciosas.


Adiante. Depois de umas meras 6 horas de comboio, sem percalços a assinalar, chegámos ao nosso destino. Uma vez que somos moças responsáveis e não tínhamos marcado lugar na residêncianão tendo, consequentemente, lugar para lá ficar -, mais coisa menos coisa, e com a ajuda do Posto de Turismo local, fomos parar a casa de uma velha – e está aí a verdadeira razão para este blog se chamar “Do Arco da Idosa”. Porque não era uma velha qualquer, era uma Velhota Idosa – e até vou citar um trecho dum poema outrora feito:


“Estava uma Velhota Idosa
A olhar pela janela
Coitadinha, pobre dela,
O que havia de suceder


Deu-lhe um baque na trombose
Foi-se a boca para a direita
Escorregou, tombou-se a velha
Sobre a janela desfeita”


Não, não lhe tinha dado uma trombose. Antes isso e ela tivesse ficado incapaz de receber gente em sua casa. Ou se calhar deu e a senhora ficou paralisadinha das mãos e do corpo e daí advém o pó acumulado há anos naquela casa.


Ora mas continuemos a descrição da velhota, até porque eu, não sendo uma pessoa estranha à questão, sei bem do que falo. Assemelhava-se a senhora – ou bruxa porque, para além de tudo o resto, ainda se fazia acompanhar por um gato que se passeava lá por casa – à da Hansel e Gretel, à Bruxa da Bela e do Mostro (essa monstra que enfeitiçou a rosa), quiçá à Madrasta da Gata Borralheira ou mesmo ao Lobo Mau, que comia crianças pequeninas – e está justificada a presença destas duas últimas personagens em posters que decoravam o quarto que nos foi cedido.


Era gentil connosco, oferecia-nos chá e café constantemente, os quais recusávamos sempre: de certeza que tinham veneno.
Ouvia música que não lembrava a ninguém, mais ou menos, vá… pelo menos à noite, quando se ouviam uns cânticos em que umas senhoras (ou bruxas, como ela) gemiam sem parar.


À entrada da casa havia sempre um agradável cheiro a criação, que nem a Malveira às quintas, quando há feira. O panorama era mais ou menos este, citando Gabriel Garcia Marquez:


“ (…) mal sobrava um resquício sem odor naquele ar de rosas revolvido com a pestilência que nos chegava do fundo do jardim e a emanação de galinheiro e o fedor a bosta e fermentos de urinas (…)”


Decorava a casa com um bonito papel de parede, aproveitado também para forrar armários e até a banheira, por onde não corria nem um pingo de água quenteé.


Guardava religiosamente - e este é sempre um termo adequado para esta região, quanto mais não seja porque tínhamos um lindo terço a abençoar-nos os aposentosmantas capazes de estancar o sangue das suas vítimas. Neste caso, seríamos nós. Descansem, seria uma “morte santa” na companhia das cruzes e dos restantes artefactos religiosos.


Acabámos por não falecer nesse bonito lar em Poznan – fica para uma próxima vez. Mas ninguém me tira da ideia que a intenção dela era retirar-nos os órgãos para tráfico, claro está, embrulhando de seguida os nossos corpos nas mantas que enchiam os armários, dando depois sumisso aos corposficariam o gato e o Jesus pregado na cruz para contarem a história.

3 comentários:

Marina Madeira disse...

Oh menos não era o Jafar...

Boa sorte para a vida, E NÃO, nada substitui o chocolate...

Ah e nós por cá não estamos nada bem, continuamos a pular, a rir e a gritar pela ESE, já não me posso ouvir a mim e aquelas senhoras...mas pronto...espero que a coisa melhore, que esta vida para mim não dá...

Ah e também gostei do gato, o gato é bom...vá, vá adeus que isto tá terrivel

Sílvia disse...

olhem voces vejam lá... esse tipo de coisas não acho piadinha nenhuma...
mas voces sao estupidas? metem-se assim em casa de uma pessoa qualquer?

ai pa, nao tou ai eu para tomar conta de voces, é no que dá...

chamem me tété...chamem o que quiserem, mas nao façam mais isso...
ou pelo menos nao se vangloriem por isso, não me postem mais coisas dessas pq eu fico preocupada...

aserio

Anónimo disse...

Opa... não pensem nunca mais na vossa vida chatear-me por causa do olá5 quando eu venho aqui e vejo estas lindas coisas :P Lol... Tenho imensas saudades vossas...
Saiba-se, se calhar já sabem, que a Fafy combinou com o Dudo que quando fizessem um ano de namoro iriam usar aliança, isto lá para setembro... é para festejar o inicio do ano connosco também... ontem fui à benção das fitas da cidade universitária, como em todas, há missa e por consequente, há o ofertório em que são ditas as ofertas das várias faculdades a instituições de caridade, até parecia que estavamos no natal meu DEUS!!! Lol... Bem, no meio de leitores de DVD para os velhinhos, tábuas de engomar sem ferros claro, sairia muito caro... mas os ferros vinham depois (eles tinham tudo combinado) da legislação portuguesa para a ajuda de berço... EIS que chegou a vez da nossa HUMILDE Escola Superior de Educação (é diferente de faculdade...como sabem... ) e agora pergunto eu... Sabem vocês o que a nossa escolinha deu e a quem? E vocês respondem... não Filipa, mas conta... e eu digo... UMA ENCICLOPÈDIA... e sabem a quem? a CASA DO GAIATO...Não que eu tenha alguma coisa contra os meninos do Tojal, mas não haveria mais nada para oferecer? Pois bem... assim me despeço de vocês minhas meias polacas, meias tugas... Um grande bejinho...

Filipa